
Fonte: Zachary Chant
Num ritmo constante continuamos nossa dança: uma dança mortal. Mãos na cintura, mãos nos ombros. Sorrisos, gargalhadas e piscadelas. A música é lenta, mas nossos corações batem. E batem rápido.
Batem por enquanto. Logo logo só um de nós continuará a dançar. O outro estará no chão, sangrando, com um sorriso macabro estampado no rosto. E não serei eu.
A música continuará, a dança será mais frenética e o outro ainda estará no chão, estampando o sorriso macabro de vingança.
A música para. Pego a faca que estava escondida no bolso interno do paletó e corto-lhe o pescoço. Sangue arterial jorra, manchando ainda mais seu vestido que já fora branco. Ela expressa surpresa. Como se não soubesse o que iria acontecer. Talvez não saiba. Uma lágrima começa a cair. Ela faz questão de escondê-la.
Então, deita-se calmamente no chão e fita o nada. Seus braços estão sobre a barriga com as mãos cruzadas. Como a posição do sono eterno dos mortos. Que irônico. Mais uma vez a música recomeça. Danço agora com uma parceira imaginária enquanto a anterior me fita com o sorriso moribundo. Danço muito. Uma hora sem parar. Talvez doze horas.
E então os sinos tocam. O sorriso se desfaz e mais uma vez ela levanta. Mais uma vez eu a cumprimento. Num ritmo constante continuamos nossa dança: uma dança mortal [...]